Entenda o que Resistência a mudanças e aprenda a superá-la com 3 ações práticas!

Superar a resistência a mudanças não é nada fácil, mas com as 3 ações práticas descritas nesse texto (+Dicas) você vai saber como combater esse problema!

Enfrentar a resistência a mudanças é realmente complicado. Toda vez que precisamos mudar algo na empresa é um parto. As pessoas reclamam, resistem, dificultam as coisas. Elas parecem presas em suas próprias caixinhas, porque até mesmo mudanças simples tornam-se complexas.

Comprendo se você estiver desanimado, um pouco cansado. Entretanto, muita calma nessa hora! Pois existem formas de quebrar a resistência das pessoas e fazer as mudanças fluírem. Sempre tem um jeito de engajar as pessoas! Vou falar um pouquinho sobre elas neste artigo. Então prepare-se para algumas ações práticas e uma boa dose de reflexão!

Não posso te prometer uma fórmula secreta. Esse é mais um daqueles problemas que não resolvemos do dia para a noite. Mas garanto que, ao final desse texto, você vai ter um pouco mais de clareza sobre o que precisa fazer.

O que é a Resistência a mudanças?

Na prática, a resistência a mudanças é o ato de recusar mudanças e agir para que elas não aconteçam. Ela se materializa em comportamentos que buscam manter os processos como estão, reprimindo as mudanças propostas. Algumas definições falam em “manutenção do status quo“. (que é um jeito bonito de dizer a mesma coisa)

Até aqui tudo ok, certo? E nada de novo.

Entretanto, eu gostaria de fazer uma pergunta: as pessoas são resistentes a todo tipo de mudanças?

Usemos um exemplo simples hipotético (e didático). Se você chegar para uma colaboradora e dizer que vai mudar o salário dela. Ela vai ser resistente? Há duas situações aqui: se você for aumentar o salário, ela vai adorar. Se você for reduzir, ela vai ser bastante resistente. Certo?

Então, o primeiro e grande ponto a entendermos é: as pessoas resistem aquilo que acreditam que será prejudicial para elas. Já já nós voltamos a falar disso.

É possível desaprender a andar de bicicleta?

Andar de bicicleta talvez seja a atividade mais “desaprendível” da humanidade. Mas uma pequena mudança pode fazer disso uma atividade extremamente complexa.

Destin Sandlin, o engenheiro e comunicador científico americano à frente do Smarter Every Day, encomendou uma bicicleta invertida. Essa bicicleta é quase completamente normal, a única diferença é que o guidão vira para o lado contrário.

Você entendeu certo. O guidão é invertido. Então, quando você vira para o dado direito, a roda dianteira vai para o lado esquerdo. Quando você vira para a esquerda, a bicicleta vira para a direita. Pode parecer uma mudança pequena, mas isso torna quase impossível dirigir a bicicleta. Destin levou 8 meses de treinamento para conseguir andar na bicicleta.

Isso porque, neurologicamente, ele já havia aprendido uma forma de andar de bicicleta. Isso já estava “programado” na cabeça dele. Assim, mudar foi terrivelmente difícil. (vou deixar o vídeo completo no final do texto, recomendo que você assista)

Mesmo que as mudanças queiramos fazer não sejam tão loucas, é precisa entender que somos neurologicamente programados para manter as coisas como estão. Mudar requer esforço e complexidade, e mesmo sem querer podemos ser resistentes a mudanças. Por isso é tão difícil engajar as pessoas em algum projetos.

Mesmo a pessoa mais dinâmica do mundo pode apresentar dificuldades para executar determinados mudanças. Eu, Davidson, percebo que sou completamente aberto a algumas mudanças; enquanto sofro e resisto a outras. É normal. Isso acontece porque a resistência à mudanças é algo natural ao ser humano.

Assim, chegamos ao nosso segundo grande ponto: as pessoas não são resistentes por maldade ou preguiça, mas porque isso faz parte do nosso DNA.

Como superar a Resistência a mudanças?

Dito isso, podemos seguir para o que realmente importa: como resolver esse problema. Recapitulando, há dois grandes pontos nesse texto:

  • as pessoas são resistentes porque isso faz parte do nosso DNA;
  • as pessoas resistem aquilo que acreditam que será prejudicial para elas.

(Existem outros fatores que podem levar à resistência a mudanças, como a falta de crença. Mas não quero me alongar muito. Se você quiser que eu fale mais desse tema, deixe nos comentários por favor)

Primeiro, não adianta jogar a culpa nas pessoas e achar que isso vai mudar o comportamento delas. A resistência a mudanças é um fato, ela existe e afeta as pessoas. Entretanto, ela não é uma condição, ou seja, é possível vencê-la e fazer, inclusive, com que as pessoas desejem mudar.

Para isso, nós precisamos mostrar para as pessoas que as mudanças vão melhorar as coisas. Mostrar que os processos vão ficar melhores e mais rápidos, que o trabalho delas vai ficar mais simples e que a mudança não é prejudicial a elas. Assim, há um trabalho de conscientização que é muito maior do que a própria mudança.

“Mas mudar nem sempre é fácil”

Talvez você esteja pensando que, em alguns casos, vai “ficar mais difícil” para as pessoas. Nesse caso, a pergunta é: isso é realmente uma melhoria? Porque se você vai dificultar o trabalho das pessoas, já de cara você está assumindo que vai piorar algo.

Nesses casos, acho que é preciso avaliar se essa mudança é realmente necessária. Mais que isso, acho que vale pensar se você está mudando do jeito certo. Talvez a mudança seja extremamente necessária, mas o caminho tomado, o “como” mudar, não seja o certo.

Na prática, é mais ou menos assim: sua empresa decide que certificar-se na ISO 9001 é uma ação estratégica. Ótimo plano! Porém, na hora de implantar a norma, o objetivo não é Qualidade, e sim o certificado. Então, a gente obriga os colaboradores a criar documentos que eles nunca vão usar. Nós os obrigamos a mudar o processo para criar burocracia…

Então, quando as pessoas começam a deixar de lado a criação e manutenção desses documentos, a gente bate o martelo: “Aqui não funciona, as pessoas aqui são muito resistentes às mudanças!”.

Como superar a Resistência a mudanças

Tudo que discutimos até aqui serve como reflexão e nos ajuda a direcionar melhor as coisas. Se você “acertou a mão” até aqui, então será mais fácil ir adiante. Por isso, agora gostaria de realmente falar sobre ações práticas, aquilo que você pode executar para reduzir (e até eliminar) a resistência a mudanças.

1 – Incluir as pessoas no processo de mudança

Essa é a forma mais eficaz de reduzir ou eliminar a resistência a mudanças. As pessoas tendem a ter mais resistência quando simplesmente recebem a mudança. No geral, quanto mais abrupta for a mudança, maior será a resistência.

Isso acontece porque elas simplesmente não se sentirão parte da mudança. Com isso, não saberão se o que está mudando será benéfico ou prejudicial para elas. Além disso, vai parecer mais difícil mudar porque elas não sabem nada a respeito das mudanças.

Se você tem uma equipe pequena, talvez consiga envolvê-la integralmente no processo, inclusive coletando sugestões de melhoria e validando as mudanças. Isto é, trazendo as pessoas para o planejamento da mudança, e não apenas apresentando o que será feito. Esse é o cenário ideal.

Caso você tenha muitos colaboradores, talvez seja inviável incluir todos. Entretanto, é possível envolver alguns “representantes” ou mesmo fazer um “revezamento”, convidando pessoas diferentes para diferentes etapas do processo.

Nesse caso, mesmo que você não consiga envolver todos os colaboradores, essas pessoas podem ajudar a transmitir o que está sendo feito. Podem ajudar a tornar o processo de mudança um pouco mais natural.

2 – Fornecer treinamento equivalente

Toda mudança exige alterações no que está sendo feito, isso é óbvio. Assim, toda mudança traz novas formas de executar os processos e enxergar as coisas. O que, então, acaba não ficando tão óbvio é que se há novas formas de executar, é preciso treinar.

Todas as mudanças exigem treinamento, sem exceção! Mas calma, o treinamento tem que ser equivalente à mudança.

Enquanto alguns precisarão ser minuciosos e formais, exigindo até mesmo um treinamento externo; outras poderão ser simples e direcionados, fornecidos por você ou pelos próprios colaboradores que participaram do processo de mudança. Portanto, não existe um padrão aqui, você precisa analisar caso a caso.

3 – Conscientizar as pessoas

Eu sei que esse é assunto do meu texto de semana passada, sobre comunicação. Mas toda mudança tem que ser muito bem comunicada. E o objetivo dessa comunicação não é apenas fornecer um aviso para as pessoas. (“Olha, mudamos o processo e agora ele é assim, tá?”)

Essa comunicação tem que apresentar para as pessoas os motivos concretos da mudança e explicar como aquilo vai ajudar a empresa. Se fossemos fazer uma listinha, eu diria que precisamos:

  • mostrar a situação que levou a mudança (por que queremos mudar?);
  • apresentar o que realmente estamos mudando (quais as novas atividades, processos ou formas de executar as coisas);
  • talvez, explicar como fazer a transição para o novo estado de execução;
  • explicar quais são os resultados que esperamos com a mudança (por exemplo, apresentando indicadores).

Se conseguirmos comunicar isso de forma clara e objetiva, então as chances de as pessoas se engajaram nas mudanças são bem maiores. Digo isso porque, com essas informações bem estruturadas, nós quebramos as objeções existentes em relação às mudanças.

Vale ressaltar que, para que isso aconteça, precisamos mostrar claramente quais são os benefícios de mudar.

P.s.: cuidado com moldes prontos

Um aviso importante! Você não deve entender essas 3 ações (incluir, treinar e conscientizar) como um cronograma do que fazer. Tentei, inclusive, escrever de uma forma que não parecessem apenas ações isoladas.

Neste texto, na verdade, nós estamos falando sobre Planejamento de Mudanças, então é preciso estruturar essas ações em um plano de mudanças. Mesmo porque essas ações podem ser co-dependentes ou integradas.

Isso significa que em determinados contextos, pode ser que seja, antes de mais nada, exigível treinar as pessoas (talvez para que elas sejam capazes de executar mudança). Já em outros contextos, pode ser que seja necessário começar conscientizando as lideranças.

Em outras situações, as ações podem ser feitas de forma integrada. Isso significa executá-las juntas, em um único momento. Por exemplo, se o seu treinamento for bem executado, ele pode incluir as pessoas no processo de mudança e também conscientizá-las.

Portanto, não existe regra física e as opções são infinitas. Você pode até mesmo usar gestão a vista para apoiar as mudanças. Assim, para entender qual é a melhor forma de aplicar essas ações, você precisa analisar seu contexto e a mudança que irá fazer.

Dica bônus: uma ação simples e eficaz contra a Resistência a mudanças

Para toda e qualquer mudança que você fizer, marque uma data específica para que as novas rotinas comecem. E comunique essa data para as pessoas. Dependendo da mudança, você pode até mesmo fazer um pequeno “ritual”, uma micro-reunião ou algo do tipo.

Pode parecer bobo, mas já vi muitas mudanças ficarem à deriva. As pessoas precisam de um marco, de algo que diga a elas: “A partir de agora, colocamos as mudanças em prática e fazemos isso dessa forma!”.

Essa ação faz com que a mente das pessoas entenda que toda a conscientização, todo o treinamento e todos os processos de mudança anteriores estão ativos, que realmente é hora de mudar. Nós geralmente fazemos as coisas no automático, assim, ter um marco de mudança vai ajudar a tirá-las desse estado e colocá-las no novo processo.

Busque a mudança certa do jeito certo!

Eu sei que é um pouco difícil de aceitar isso, mas o trabalho contra a resistência a mudanças começa em nós mesmos. As pessoas são resistentes a mudanças, e isso é um fato. Reclamar disso só nos fará resistentes à resistência das outras pessoas.

Sempre precisaremos conscientizas as pessoas a respeito das mudanças. Por mais óbvio que algo pareça, nem sempre as pessoas têm a mesma percepção que a nossa. Afinal, nem sempre elas estarão no mesmo estado de consciência e, assim, o que nos é simples pode ser descabido para o outro.

Portanto, precisamos entender qual é o nosso trabalho. Entender o que nós precisamos fazer para resolver esse problema. E, em resumo, o que precisamos fazer é trabalhar para ajudar as pessoas a entender o que está mudando (ou precisa mudar), porque isso está mudando e como isso vai ajudar todo mundo.

MATERIAL EXTRA: assista ao experimento da Bicicleta Invertida

Lá encima, eu falei sobre o experimento da Bicicleta invertida, do Smart Every Day.

Mas se você quiser, pode assistir ao vídeo do Destin Sandlin clicando no botão abaixo. Ele mostra o processo completo e é bastante interessante (e diverdito 🤣). Assista:

Dave Ramos
Dave Ramos

Sempre acreditei que as pessoas tem o poder de mudar o mundo a sua volta, desde que estejam verdadeiramente engajadas nisso. Tive ainda mais certeza disso quando me tornei Auditor Líder ISO 9001:2015 e comecei minha jornada na Qualidade. Por isso continuo a escrever sobre gestão e por isso criei a Fábrica de Qualidade: para ajudar pessoas a engajar pessoas! Clique AQUI para visitar a Fábrica.

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