Acredito muito que a gestão de competências é o caminho para alcançar qualquer resultado. Qualquer um mesmo. Entretanto, por não ser muito bem compreendida, ela acaba se tornando apenas mais uma burocracia enfadonha.
Muitas vezes, a gente só faz gestão de competências porque a ISO 9001:2015 tem um item (7.4) que determina isso. Então, simplesmente tentamos atender mais um requisito de mais uma norma de gestão.
O maior erro da Gestão de Competências
Criamos uma planilha e saímos coletando os certificados e cursos que as pessoas têm. Então, organizamos todos esses dados em um documento e o mantemos atualizado.
Se algum auditor pede, até criamos formas de certificar as pessoas em algo que esteja faltando. Afinal, se apenas 1 colaborador de determinado setor não tem um certificado-de-algum-curso-qualquer, precisamos agir!
Mas é aí que mora o problema. Fazer isso é, na verdade, gerenciar as competências pelas competências. Nós focamos em entender o que as pessoas sabem fazer e como elas aprenderam a fazer isso.
Dessa forma, se nós formos transformar essa gestão em um processo, teremos:
Entradas: qualificações e competências que as pessoas já têm.
Processo: análise e categorização dos dados.
Saídas: lista de pessoas/qualificações.
O foco, aqui, é ter um panorama do que a empresa já possui, das competências que ela já domina.
O maior segredo da Gestão de Competências
Agora, em um processo verdadeiro, temos, por assim dizer, um caminho inverso. Ao invés de gerir as competências, nós gerimos os processos. Assim, buscamos primeiro as necessidades do processo para depois “analisar e classificar” as pessoas.
Então, fazemos uma gestão de competências pelos processos, não pelas competências. E esse é o segredo, para impulsionar a melhoria, precisamos inverter a cadeia de pensamento e colocar o processo antes das competências.
Nesse caso, teríamos algo como:
Entradas: mapeamento dos processos
Processo: identificação de competências necessárias às atividades do processo
Saídas: cursos, treinamentos ou novas qualificações
Aqui, o foco é entender o que a empresa precisa fazer para melhorar seus processos, entregas e resultados.
Competências como consequência
O mundo ideal da gestão de competências é ter um processo em que o próprio gerenciamento das competências esteja integrado. Isso significa ter um processo que gere conhecimento, fornecendo outputs sobre suas necessidades de execução.
Para isso, só fazer uma planilha não vai dar conta. É preciso que toda a empresa tenha uma cultura muito alinhada. Precisamos entender que a gestão é una, ou seja, que nada ocorre isoladamente e que todos os fatores impactam no todo.
Dessa forma, não vamos fazer gestão de competências por que a ISO pede, mas porque isso melhora a empresa, as pessoas e tudo a nossa volta.