Falta de engajamento: causas e o óbvio que também precisa ser explicado

Conheça as causas da Falta de engajamento e entenda qual o caminho para começar a mudar essa realidade na sua empresa. Leia agora!

Se você nunca sofreu com a falta de engajamento, compartilhe conosco sua receita mágica. Porque, na minha experiência, 13 em cada 10 profissionais já sofreram (ou ainda sofrem) com essa dificuldade.

Digo Qualidade, mas essa dor perpassa TODOS os tipos de sistemas de gestão. TODOS os tipos de organização. Pode ser mais ou menos acentuada, mas está em todo lugar. (às vezes, também, as pessoas não a enxergam, atribuindo a causa raiz de alguns problemas a outros problemas que, na verdade, são consequências)

Além disso, vale frisar: se engana quem acha que acha que “o problema é o colaborador”. (como se ele fosse a causa raiz da falta de engajamento ) Já vi empresários desengajados com aspectos importantes da gestão. Vi gestores desengajados com suas equipes. Já vi até Profissionais da Qualidade desengajados com a Gestão da Qualidade.

Sistemas de Gestão (da Qualidade e etc.) servem para melhorar a vida das pessoas

Os primeiros passos de uma implementação de sistemas são muito tortuosos. As pessoas podem pensar que tudo que for implantado será apenas “uma forma de controlá-las”. Que é só outra forma de “explorar o trabalho delas”. (as frases estão entre aspas porque eu já as ouvi)

Entretanto, em suma, o objetivo de um sistema de gestão é, sempre, melhorar a vida das pessoas. E isso, por mais óbvio que seja para nós, pode ser difícil para as pessoas. Eu digo óbvio porque, às vezes, é mesmo. Mas o é para nós, não para todos.

Vamos pensar na ISO 45001, por exemplo. Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho. Todos nós, como seres humanos, queremos ter saúde e segurança. Então, há coisa mais óbvia do que dizer que uma norma como essa vai melhorar a vida das pessoas? Creio que não, pelo menos para nós.

Agora, vamos sair do nosso contexto, sair do “nós”, vamos pensar como o Seu José.

A falta de engajamento e a mentalidade “Seu José”

Não conformidade de saúde e segurança do trabalho - ISO 45001

O Seu José é o colaborador aí da foto. Ele, como podemos ver, realiza manutenções de todos os tipos. A empresa em que ele trabalha presta serviços de manutenção terceirizada. Ele está na empresa há uns 20 anos. Ótimo colaborador, ele chega, sobe nas escadas e resolve o problema. Está sempre quebrando o galho do pessoal e dando uma dica aqui outra ali.

Agora, uns dias atrás. Chegou um pessoal diferente na empresa dizendo que eles vão ter que usar uma tal de ISO 45001. Que andam tendo muitas não conformidades. Eles disseram que ele vai ter que usar um monte de equipamentos que ele nunca precisou. Disseram que ele precisa usar um tal de E.P.I., Seu José não sabe o que é, ficou meio cabreiro

Também disseram que a escada que ele usa não é adequada. A escada que está encostada no teto do UNO e com a qual ele convive (e utiliza) há uns 3 anos (desde que a antiga quebrou). A escada, de fato, não é adequada para ele, mas Seu José não só não sabe disso como se sente confortável no uso diário. Ele não conhece os riscos e “perigos” a que está submetido usando aquele equipamento.

Esse caso pode parecer um Meme para nós, mas procure no Google: Meme Segurança do Trabalho. Você vai encontra centenas, talvez dezenas, milhares de situação parecidas. Milhares de “Seu’s José’s” correndo riscos TODOS os dias. Normalmente. Isso é a realidade deles e, por incrível que pareça, não parece nada errada para eles.

A implementação “de cima pra baixo”, no mal sentido

Mas aí, numa bela segunda-feira “o pessoal da ISO chega”. Eles dão o tal do EPI para o seu José. Tiram algumas fotos e batem o martelo: “Agora tem que usar isso!“. Seu José concorda com a cabeça, afinal, “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Então o pessoal vai embora e seu José volta ao trabalho.

O tal do EPI coça e, por falta de costume, incomoda um pouco. Bom mesmo é sentir o vento lá no topo das escadas. Aliás, falando nisso, a escada nova é uma pouco mais pesada, e tem uns negócios esquisitos. Umas travas e não sei o que lá mais. Seu José tem certo trabalho para fazer o trabalho dele naquele dia.

No outro dia, Seu José acorda, olha para “aquele trambolho todo” e pensa: “Esse povo não sabe de nada, vou é trabalhar com as minhas coisas que é mais rápido”. Troca a escada, bota a roupa surrada de tanto tempo e vai trabalhar feliz.

E a gente, “da qualidade”, fica espantado quando vai auditar. “Meu Deus, essas pessoas não seguem os procedimentos, não presam pela própria saúde”. Seu José segue feliz, sem usar luvas e correndo o risco de tomar um choque elétrico. Utilizando a escada que ele gosta, e correndo o risco de cair, sofrer uma lesão séria. Mas ele segue feliz e despreocupado.

A consciência sempre foi a mesma

O mundo não ficou mais perigoso porque a empresa do Seu José resolveu implementar a 45001. Os riscos à saúde SEMPRE estiveram lá, mas eu José nunca se preocupou com eles, sua preocupação foi, SEMPRE, “fazer um serviço bem-feito” e sustentar a família.

Por mais óbvio que seja, Seu José nem mesmo percebe que pode sofrer danos, até mesmo irreversíveis, à sua saúde. Ele só quer fazer o seu trabalho, e busca o melhor meio para isso. Sempre o fez “sem ISO nenhuma”.

Colaboradores que, mesmo com disponibilidade, não usam E.P.I. são um problema recorrente nas empresas. E acidentes derivados disso deixam lesões nas pessoas e prejudicam organizações a todo momento.

Se isso ocorre com a ISO 45001, que nos parece tão “óbvia”. Como, então, engajar pessoas na 9001? Ou na 37001, que lida com um tema tão delicado. Na 14001, que às vezes versa sobre um tão tão distante “meio-ambiente”. Afinal, as consequências sempre estiveram presentes, e ninguém nunca se importou muito com elas.

Qual erro na história do Seu José levou à falta de engajamento?

Está é a pergunta do caos! Aquela que vai criar uma guerra. Alguns vão culpar o Seu José, dizer que ele “não tem instrução”. Outros vão culpar a empresa, dizendo que ela não “auditou corretamente” (ou o suficiente). Há ainda os que vão culpar os implementadores, dizendo que “não conscientizaram as pessoas”.

De certa forma, talvez, todos estejam certo. Entretanto, eu, prefiro pensar que a culpa é da falta. Faltou algo no processo todo, e o que faltou foi uma ação. Uma ação de engajamento. Se nós realmente queremos alcançar algum, precisamos agir para isso.

Em todos os contextos, cobramos ações, porque são as ações que fazem as coisas acontecer. Mas quando o assunto é falta de engajamento a gente meio que espera um milagre e se tortura por as pessoas não se engajarem.

Portanto, nós precisamos agir! Depois compreender se a ação resultou em algo positivo e mudar o que preciso. Depois agir novamente e novamente. Assim se forma um processo. Mas sem ação não há mudança! Sem mudança, não há engajamento.

Neste artigo, eu pretendia falar sobre o Ciclo Virtuoso do Engajamento, mas acabei me perdendo. Então já deixo aqui o convite para o próximo artigo. (se não quiser perder, se inscreve na nossa newsletter e/ou assina as notificações lá no alto do navegador)

Mas, por agora, gostaria de deixar algumas perguntas:

  • Seus colaboradores são engajados na Qualidade ou nos Sistemas de Gestão da sua empresa?
  • Se não, qual foi a última ação para engajar pessoas que vocês executaram?

Dependendo da resposta da segunda pergunta, talvez você encontre por aí a causa de tanta falta de engajamento!

Dave Ramos
Dave Ramos

Sempre acreditei que as pessoas tem o poder de mudar o mundo a sua volta, desde que estejam verdadeiramente engajadas nisso. Tive ainda mais certeza disso quando me tornei Auditor Líder ISO 9001:2015 e comecei minha jornada na Qualidade. Por isso continuo a escrever sobre gestão e por isso criei a Fábrica de Qualidade: para ajudar pessoas a engajar pessoas! Clique AQUI para visitar a Fábrica.

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